O uso do óleo essencial de hortelã pimenta Mentha piperita na alimentação de tambaqui Colossoma macropomum promove ação imunoestimulante, permitindo a manutenção da saúde do peixe cultivado até mesmo em situações estressantes
Exemplar de tambaqui Colossoma macropomum utilizado na avaliação de sua condição de saúde com o uso de óleo essencial de hortelã pimenta
O manejo de peixes em uma piscicultura pode causar estresse e levar a doenças e, até mesmo, à morte, acarretando em perda da produção e de lucro aos piscicultores. Pensando nisto, o óleo essencial de hortelã pimenta foi utilizado na alimentação de tambaqui para verificar seu potencial imunoestimulante na manutenção da saúde destes peixes. Assim, o óleo foi incluído nos níveis 0,5%, 1,0% e 1,5% / kg de dieta comercial para peixes, alimentando-os por 30 dias. Coleta de sangue para análises hematológicas e bioquímica foram realizadas e os peixes sacrificados para coleta de fígado, rim e brânquias. Os demais tambaquis foram desafiados através de inoculação intraperitoneal com bactéria (Aeromonas hydrophila).
Os resultados indicaram potencial imunoestimulante devido à manutenção dos níveis glicêmicos (sem estresse aos peixes) e ao aumento dos níveis de proteína plasmáticos e de albumina, relacionados à melhora da resposta imune não-específica em peixes. O número de leucócitos e linfócitos, após desafio bacteriano, diminuíram nos peixes que receberam dietas com óleo de hortelã, devido à migração destas células da corrente sanguínea para os tecidos.
O óleo de hortelã nas dietas não promoveu aumento da atividade da lisozima e nem aumentou o número de leucócitos dos tambaquis, entretanto diminuiu a abundância de parasitas (monogeneas) nas brânquias quando alimentados com 0,5 e 1,0% do óleo, sendo o efeito anti-helmínticos de cerca de 12 vezes maior com o uso de 1,0%. O uso de substâncias naturais como o óleo, ao invés de produtos químicos, como formalina, sulfato de cobre, mebendazole, entre outros, reduzem o impacto ambiental, níveis residuais em peixes e a toxicidade, além de apresentar menor custos aos piscicultores. Desta forma, o uso de 1,0% de óleo essencial de hortelã por kg de dieta na alimentação de tambaqui por 30 dias pode ser recomendado.
A dissertação de Suzana C. Ribeiro, sob orientação de Eliane Yoshioka (EMBRAPA Amapá, PPGBio), permitiu a publicação de dois artigos nas revistas Aquaculture [1] e Acta Amazonica [2], com apoio financeiro da Embrapa e junção de esforços com pesquisadores: Dayna Filocreão (Doutoranda do PPGBio), Marcos Tavares-Dias (EMBRAPA Amapá, PPGBio), Antonielson Castelo, Bruna Silva, Andreza Cunha e Aldo Proietti Jr (UNIFAP), Izonete Guiloski e Helena Assis (UFPR), Cláudia Majolo, Francisco Chaves e Edsandra Chagas (Embrapa Amazônia Ocidental).
1 RIBEIRO, SUZANA CARDOSO; MALHEIROS, DAYNA FILOCREÃO; GUILOSKI, IZONETE CRISTINA; MAJOLO, CLAUDIA; CHAVES, FRANCISCO CÉLIO MAIA; CHAGAS, EDSANDRA CAMPOS; SILVA DE ASSIS, HELENA CRISTINA; TAVARES-DIAS, MARCOS; YOSHIOKA, ELIANE TIE OBA. 2018. Antioxidants effects and resistance against pathogens of Colossoma macropomum (Serassalmidae) fed Mentha piperita essential oil. AQUACULTURE, v. 490, p. 29-34. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1088207/antioxidants-effects-and-resistance-against-pathogens-of-colossoma-macropomum-serassalmidae-fed-mentha-piperita-essential-oil
2 RIBEIRO, S.C., CASTELO, A.S., DA SILVA, B.M.P., CUNHA, A.S., PROIETTI JÚNIOR, A.A., OBA-YOSHIOKA, E.T. 2016. Hematological responses of tambaqui Colossoma macropomum (Serrassalmidae) fed with diets supplemented with essential oil from Mentha piperita (Lamiaceae) and challenged with Aeromonas hydrophila. Acta Amazonica, vol.46, no.1, p. 99-105. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1043236/hematological-responses-of-tambaqui-colossoma-macropomum-serrassalmidae-fed-with-diets-supplemented-with-essential-oil-from-mentha-piperita-lamiaceae-and-challenged-with-aeromonas-hydrophila
0 comentário