Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical
Nonoemulsões produzidas com óleos essenciais de duas espécies de árvores nativas mostraram-se eficazes no combate de parasitado tambaqui, um peixe amazônico amplamente produzido em cativeiro

A aplicação de óleos com propriedades antiparasitárias é vantajosa, mas como os óleos não são solúveis na água o uso de nanoestruturas pode ser uma solução viável. A cobaíba (Copaifera officinalis) é uma espécie nativa amplamente distribuída no Cerrado e na Amazônia e a sucupira (Pterodon emarginatus) é uma espécie cuja distribuição engloba praticamente todo o Cerrado Central do Brasil e parte da Caatinga. Os óleos das duas espécies são comercializados em feiras populares e também pela indústria farmacêutica e de cosméticos. Ambos os óleos têm eficácia comprovada no combate de mosquitos vetores de doenças mas pouco se sabe sobre o potencial no combate de parasitas de peixes.

O tambaqui (Colossoma macropomum) é uma espécie de peixe amazônico amplamente cultivada nas e com alta demanda no mercado. A produção nacional em 2014 atingiu cerca de 140.000 toneladas. No entanto, principalmente as espécies de parasitas, Anacanthorus spathulatus, Notozothecium janauachensis e Mymarothecium boegeri, causam enormes prejuízos na produção. Essas espécies parasitam principalmente as brânquias dos peixes, alimentado-se do sangue, e causam a redução no crescimento dos animais em cativeiro.

Nanoemulsões estáveis dos óleos de copaíba e de sucupira foram produzidas sem aquecimento e uso de solventes indicando que a produção dos compostos em larga escala pode ser viável. Ambas as nanoemulsões de óleo de copaíba e de sucupira mostraram alto potencial para o combate de parasitas. A nanoemulsão com baixa concentração de óleo de copaíba (200 a 300 mg/L) foi capaz de matar 100% dos parasitas presentes em brânquias de tambaqui após 15 min de exposição [2]. Já uma nanoemulsão mais concentrada de óleo de sucupira (400 e 600 mg/L) foi necessária para causar 100% de mortandade de parasitas após 40 min da aplicação [2].

Os testes foram realizados em laboratório com aplicação das nanoemulsões sobre as brânquias infectadas pelos parasitas A. spathulatus, N. janauachensis e M. boegeri. Como os resultados foram promissores o próximo passo será testar as nanoemulsões nos peixes vivos em tanques de cultivo.

 

Os resultados foram publicados em dois artigos científicos no periódico Journal of Fish Diseases [1 e 2], e são fruto da dissertação de Daniel S.S. Valentim orientado por Marcos Tavares-Dias (pesquisador da EMBRAPA Amapá) no PPG em Biodiversidade Tropical – UNIFAP. O trabalho foi possível através do esforço em conjunto com pesquisadores da área de Farmácia e Nanobiotecnologia Farmacêutica, Caio P. Fernandes, José Carlos Tavares (ambos do PPGBio -UNIFAP), J.L. Duarte, A.E.M.F.M Oliveira, E.C. Conceição e R.A.S. Cruz (da UNIFAP), e também da Química, C. Solans (Institut de Química Avançada de Catalunya).

 

 

[1] VALENTIM, D. S. S. ; DUARTE, J. L. ; OLIVEIRA, A. E. ; CRUZ, R. A. ; CARVALHO, J. C. T. ; SOLANS, C. ; FERNANDES, C. P. ; TAVARES-DIAS, M. . Effects of a nanoemulsion with Copaifera officinalis oleoresin against monogenean parasites of Colossoma macropomum, a Neotropical Serrasalmidae. Journal of Fish Diseases, v. 41, p. 1041-1048, 2018.

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/jfd.12793

 

[2] VALENTIM, D. S. S.; DUARTE, J L ; OLIVEIRA, A E M F M ; CRUZ, R A S ; CARVALHO, J C T ; CONCEIÇÃO, E C ; FERNANDES, C P ; TAVARES-DIAS, M. Nanoemulsion from essential oil of Pterodon emarginatus (Fabaceae) shows in vitro efficacy against monogeneans of Colossoma macropomum (Pisces: Serrasalmidae). Journal of Fish Diseases, v. 41, p. 443-440, 2018.

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/jfd.12739

Categorias: Pesquisa

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